Pedir demissão não vai resolver todos os seus problemas

A coisa mais legal do nosso trabalho aqui no blog é inspirar as pessoas. Não tem felicidade maior que receber e-mail de gente agradecendo por termos dado algum tipo de luz, uma ajudinha nessa coisa assustadora que é ser adulto. Dentro de tantas mudanças, sempre surgem várias dúvidas, mas uma das que mais aparecem na nossa caixa de mensagens é a clássica: pedir ou não pedir demissão. Eis a questão.

Muitas vezes essa dúvida surge como aquele respiro de esperança, como se fosse a salvação de todos os problemas. Afinal, ~o trabalho fixo é aquilo que está te segurando para fazer todas as coisas mais legais do mundo e o negócio mesmo é largar tudo pra viajar~, como dizem manchetes sensacionalistas por aí. Aqui não, rapá!

Correndo o risco de ser meio óbvio, às vezes é importante relembrar: não existe uma solução mágica pra nada na vida. Inclusive ser feliz. Ou realizar seus sonhos.

Tem quem culpe o trabalho pelas frustrações. Ou a falta de trabalho. Tem quem culpe o relacionamento ou a falta dele. Ou o pouco dinheiro na conta, ou a falta de tempo, ou a cidade onde vive. São mil fatores, mil culpados, e esquecemos que quem faz a nossa vida somos…nós. Você pode culpar o que – e quem – quiser, mas as coisas só vão mudar quando você, sozinho, decidir mudar também.

O negócio é que a gente romantiza tanto o que nossa vida poderia ser que acabamos escolhendo um bode expiatório pra adotar. Aquele grande culpado por você não estar fazendo aquilo que gosta. E muitas vezes ele é o trabalho.

É claro que pra muita gente pedir demissão realmente pode solucionar muitos problemas. Estar infeliz durante a maior parte do seu dia é destruidor para qualquer pessoa. Mas pedir a demissão amanhã, assim da noite pro dia, não vai resolver todos os seus problemas – e provavelmente vai causar outros. Mudar, tanto para uma tarefa mais interessante quanto para uma vida viajando por aí, é uma mudança muito mais interna do que externa. Entender isso é fundamental.

Depois de ter arriscado para uma vida menos estável virando freela e começar a viajar por aí foi que eu percebi: só você mesmo pode te fazer livre. E não é pelas razões que você imagina, não.

Quando viramos freelas e começamos a viajar, passamos um tempão nos sentindo presos e empacados, mesmo com esse leque de opções na nossa cara o tempo todo. A gente tava fazendo tudo que sempre sonhamos e ainda assim nos sentíamos travados, quase que encurralados. Como se nós não estivéssemos mais fazendo isso por decisão própria, mas por pressão. Do mundo, do dinheiro, do trabalho, da carreira, do nosso futuro, das nossas ideias, das nossas decisões. Até hoje ainda lutamos para deixar isso de lado – e é difícil pra cacete.

O exercício diário de tomar coragem, pegar as rédeas e escolher o que você realmente QUER fazer, o que QUER mudar, onde QUER estar amanhã já é um exercício complicado e que consome nossas energias. Mas é necessário. E faz você se sentir mais livre. Menos preso. Caminhando para onde você realmente quer – não para onde a maré está te levando.

Culpar o trabalho por todas as suas insatisfações e achar que a demissão vai mudar a sua vida é um sonho lindo, mas que não acontece na prática. Suas insatisfações mudam a partir do momento que você olha para elas de uma forma diferente.

Se demitir não vai resolver todos os seus problemas se você continuar a mesma pessoa. Qualquer mudança, até mesmo de área ou de trabalho, começa com uma mudança nossa, íntima, feita dia a dia. Sair de um trabalho ruim e continuar idêntico só vai te levar para outro trabalho ruim. Se tornar uma pessoa diferente, mais alinhada com o caminho que você quer seguir, já vai te colocar na direção certa para o futuro que você planeja ter.

Antes de tudo, é sempre importante que você se conheça, entenda o que realmente quer – é mais tempo? mais liberdade? mais dinheiro? mais autonomia? mais tranquilidade? é conhecer o mundo? menos projetos sem significado? – e comece a caminhar para isso hoje, já. Porque a demissão não vai mudar quem você é. Só você mesmo pode mudar isso.

Pare de jogar a culpa no universo e trabalhe com as ferramentas que você tem hoje para construir o futuro que você quer.

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