É possível ser nômade para sempre?

Muita gente nos pergunta se “nossa vida de nômade digital” é mesmo para sempre. Se nós vamos continuar viajando, para onde vamos a seguir (spoiler: tá aqui no cantinho do blog!), se essa decisão de viver viajando é algo para o longo prazo ou se temos planos de daqui, sei lá, dois anos, voltar para São Paulo como se nada tivesse acontecido e retomar a nossa vida como era antes.

Nós mesmos acabamos nos questionando bastante até quando esse método de vida vai nos satisfazer. Existem milhares de coisas incríveis em poder trabalhar de qualquer lugar e ter a oportunidade de viver pulando de país em país. E nós aproveitamos cada minuto disso. Mas também dá saudades, pensamos em carreira, questões existenciais, amizades, tensões, problemas, doenças e várias outras camadas que compõe a vida de um nômade (e de não nômades também). E talvez, um dia, essa vida pode parar de nos fazer feliz.

Não existe nada na vida que é para sempre.
Sobre o nosso futuro, então, quem é que vai saber?

Pensando sobre isso, acabamos no mesmo resultado: só a vida vai dizer. Hoje eu, Debbie, estou satisfeita com a minha vida. Mas eu não sei sobre o amanhã. As minhas vontades mudam muito rápido, eu tenho a possibilidade de me transformar a cada dia e eu não estou amarrada em uma rotina que me impossibilita de me mover. De mudar. De me tornar outra pessoa. E você também não.

E é aí que surge a questão principal que pode incomodar muita gente: onde fica a estabilidade de um nômade? A resposta é onde a gente menos espera: na própria mudança.

A estabilidade de um nômade digital está na própria mudança

O caminho que nós estamos seguindo hoje não está traçado em anos de hábitos e costumes. Nós fugimos da sequência quando decidimos que nosso futuro está em aberto (falei bastante sobre isso nesse post também) e que nenhuma estabilidade em empresa, nenhuma carreira construída, nenhuma régua de vida que envolva trabalho-casa-filhos vai definir o nosso destino, simplesmente porque a gente não quer que isso aconteça. Queremos pensar e escolher os próximos passos que estamos dando, não só seguir uma linha já afundada (e possivelmente falida) da vida alheia.

E não ter uma cartilha pronta dizendo como a gente deve se comportar, onde deve viver, ter filhos, estudar, quando deve casar ou comprar um carro, faz com que nosso futuro esteja em aberto.

Como nosso caminho nunca foi desenhado antes exatamente nas mesmas circunstâncias que vivemos, seguimos na base de hipóteses. Testando se elas vão funcionar ou não. Se a ideia der certo e nos fizer feliz, ótimo. Partimos para a próxima. Se não funcionar, precisamos lidar com as consequências e trazer novas hipóteses para o jogo.

E viver a base das hipóteses é, sim, cansativo. Você precisa manter um planejamento decente, precisa pensar no próximo passo que vai dar e não só acompanhar a maré. E precisa pensar nesses passos, até literalmente nos passos que você dá, desde a hora que acorda até o momento que vai dormir.

Assim como todos nós, eu não sei o que vai me fazer feliz daqui um, cinco ou dez anos. A única coisa que eu sei é que, morando um pouco em cada canto do mundo, eu aprendi que eu não sou imóvel. E sei que mesmo se eu, quem sabe, voltar para o Brasil e continuar com a vida de antigamente (supondo que isso fosse realmente possível), eu não estaria amarrada ali para sempre. Como nunca estive. Como nunca estivemos, nem eu e nem você. Mas só acabamos com essa impressão porque a sociedade nos diz que esse é o único caminho a seguir.

Se é possível você ser um nômade digital para sempre? Com certeza.
Mas, ao longo do tempo, a sua vida muda. Seja ela estável em um emprego das 8 às 20h, ou em uma busca constante de novos lugares para morar. Algumas vidas mudam mais rápido que as outras. Alguns períodos mudam tudo.
E sim, você pode ser nômade o tempo que quiser. Você pode ser qualquer coisa pelo resto da vida, desde que isso continue te fazendo feliz.

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O que aprendemos até esse momento é que uma escolha não é algo definitivo. Podemos decidir um dia falar “Vamos ficar aqui para sempre” e assim ficarmos. Mas temos a plena consciência de que podemos mudar no momento que a gente quiser. Sabemos que nunca é tarde, trabalhoso demais ou impossível. Nós sabemos que, uma vez insatisfeitos, nós podemos simplesmente…mudar. Em todos os aspectos. As questões, os medos, o receio e o planejamento precisam existir, mas tudo faz parte desse processo de mudança. Não somos obrigados a viver em alguma situação, cidade ou ambiente que não nos faz feliz. Nós podemos simplesmente mudar.

Você não é obrigado a seguir um caminho já traçado.
Sua vida é móvel. Suas decisões de vida não precisam ser hipóteses testadas a exaustão pelos outros.
Crie as suas próprias, teste, aprove, erre, desaprove, mude.

Nós não precisamos viver no mesmo caminho a vida toda.
Se a sua ideia de “ser feliz” muda ao longo dos anos, mude junto com ela.

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