As semelhanças entre amar e viajar

Amar e viajar são duas paixões que movem minha vida. Tão diferentes, mas que trazem sensações semelhantes ao nosso corpo, mente e espírito. Nos conectam a quem nós realmente somos e ao que podemos ser um dia. Elas nos transformam dia após dia, nos fazem melhor e nos acolhem sempre que mais precisamos. Viajar e amar são coisas que nos fazem sentir as batidas do coração fora do corpo, colocadas para pulsar nos lugares que menos esperamos.

As duas começam com uma faísca. Um sorriso desengonçado no meio do escritório que você se pega prestando atenção demais ou uma notinha na revista sobre um lugar que você nunca deu muita importância. Quando menos espera, está na internet olhando algumas fotos. Só por curiosidade.

Coincidentemente ou não, os encontros começam a ser mais frequentes. As capas de revista brilham na vitrine mostrando aquele cenário paradisíaco. A hora do almoço começa a ser a mais esperada do dia e as conversas parecem milimetricamente despretensiosas. Você só quer conhecer um pouquinho mais. Folheia a revista na banca, mas deixa ela ali com um pouco de receio. Será que eu devo?

Você continua namorando aquela ideia maluca. A curiosidade começa a aumentar bem no meio do expediente. Será que eu devo? Na hora do almoço, volta com a revista embaixo do braço. Mas não sem antes bater um papo simples e tímido sobre o restaurante de sempre e as histórias de todo dia. Consegue sentir que algo acendeu ali, mas deixa pra lá. Meio sem saber porque, comenta sobre um lugar novo que queria conhecer. Sai da mesa morrendo de vergonha.

Folheia a revista fingindo desinteresse enquanto toma seu café na sacada do escritório. Para na página principal, olha as fotos, respira fundo e encosta no braço dele meio sem querer, fingindo fazer uma piadinha. Sorri involuntariamente enquanto seu rosto muda de cor. Volta para o computador e procura passagens de avião enquanto recebe uma mensagem sobre aquele lugar novo que abriu. Será que eu devo?

É só uma saída entre amigos, se engana. Encontra uma passagem imperdível por acaso. Começa a pensar nas trinta e duas possibilidades de algo dar errado. Entra em pânico. Não tem o que vestir. Quase desiste. Questiona. Resiste. Pega um café e traça o lado bom e ruim do que pode acontecer.

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A semana decorre estranha. Tímida. A passagem continua lá, e ele também. Confirma o encontro com o coração na boca e o cartão de crédito na mão. Adiciona a passagem no carrinho sem pensar muito. Durante o check-out, desiste. Procura o nome dele no Google. Vê, de novo, todas aquelas fotos do que já vem sonhando há algumas semanas. Suspira.

Acorda atrasada. Passeia pela casa questionando se casa ou compra uma bicicleta. Deixa a vida direcionar. Bebem um vinho e se encostam, meio desengonçados, como todo primeiro contato de um casal que se preze. Compra a passagem correndo e fecha o computador fingindo que não fez nada demais. Se beijam, como se a vida dependesse disso. Ri de forma tensa e tem certeza que fez uma enorme besteira. Olha ao redor, cruza seus olhos com os dele e sorri. Se forçar bastante, pode até agir naturalmente.

Com frio na barriga desde o primeiro momento, o avião decola na mesma velocidade que as borboletas voam dentro de seu estômago.

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