Adeus Berlim e o medo do desconhecido

Estou há dias pensando no que escrever nessa nossa despedida de Berlim. Tanto tempo que acabei nem conseguindo postar antes de sair (quando comecei) e só estou terminando o post agora, duas semanas depois de ir embora. Poderia falar dos melhores momentos que passamos na cidade. Poderia falar das várias pessoas incríveis que conhecemos, das cervejas que bebemos, dos lugares diferentes em que entramos, de todas as comidas que comemos. Tudo isso foi incrível, muito melhor do que o esperado, mas acredito que o mais importante desses oito meses e meio foi tudo aquilo que Berlim nos ensinou. A começar por enfrentar o medo do desconhecido.

Ir para Berlim sempre foi uma ideia meio vaga para mim. É claro que eu queria visitar a cidade um dia, assim como eu quero visitar o mundo todo, mas Berlim nunca teve um espaço especial na minha lista de lugares para conhecer. Muito menos para morar! Aprender alemão nunca esteve nos meus planos, eu não tinha nem ideia do que era a Torre de TV, tinha andado de bicicleta três vezes na minha vida e praticamente nem sabia diferenciar um kebab de um falafel. Nunca tinha pesquisado sobre nada da Alemanha que não envolvesse minhas aulas de História.

Até que um dia, a ideia de Berlim surgiu. Pequena, quase como uma brincadeira. “Eu quero muito ir pra Berlim um dia!”. Pelo menos a Debbie já sabia disso. Alguns amigos começaram a viver (e amar!) a cidade e essa ideia foi deixando de ser só um sonho adolescente da Debbie, ficando mais próxima de ser real, tomando forma e, quando percebemos, estávamos lá em Abril, começando os nove meses mais incríveis de nossas vidas.

Mas isso tudo vocês já sabem pelo nosso primeiro vídeo do vlog. O que a gente acaba falando pouco, mas deveria falar mais, é desse medo do desconhecido que nos consumiu entre o começo e o fim do parágrafo anterior.

Será que vai dar certo? Será que vamos gostar? Será que estamos fazendo as escolhas certas? Será que seremos mal tratados pelos alemães? Será que os alemães são como dizem mesmo? Será que eu vou conseguir me comunicar por lá? Será que os cachorros vão chegar bem? Será que vou fazer amigos? Será que vamos ter dinheiro? Será que a gente vai se dar bem?

Todos esses (e muitos outros) “serás” fazem parte desse medo do desconhecido. Uma coisa muito normal, saudável, mas que deve ser enfrentada. A partir do momento que enfrentei esse medo do desconhecido minha vida mudou muito. Eu só consegui muito do que eu queria por enfrentar esse medo. Eu só vivi em Berlim, viajei pela Alemanha toda, pela Áustria, Eslováquia, República Tcheca, porque enfrentei esse medo. Foi enfrentar esse medo do desconhecido – com o auxílio de umas cervejas, vamos ser sinceros – que me fez pedir para sentar com umas pessoas desconhecidas no bar, 4h da manhã e conhecer alguns amigos que vamos levar para toda a vida.

E é essa a principal lição que eu levo de Berlim e gostaria que vocês levassem um pouquinho desse post: enfrente o medo do desconhecido. E não falo só de viagem ou de morar fora, não. Muitas vezes os nossos maiores medos estão muito mais próximos do que a gente imagina. Falar com aquela garota na balada, dar o próximo passo no relacionamento, mudar de emprego, morar sozinho, entrar em um curso novo, conversar com aquela pessoa no bar, ter um filho, mudar de cidade, ir para um país que você não sabe nem como fala “sim” na língua.

Enfrentar o medo do desconhecido é sair da zona de conforto e, olha, é fora dela que você possivelmente vai encontrar as experiências mais interessantes, diferentes e que te trarão mais aprendizados e histórias para a sua vida.

Não digo que vai ser uma tarefa fácil. A gente dá muitas desculpas para não enfrentar esse medo e continuar na nossa zona de conforto. Às vezes até chamamos o pessimismo que esse medo traz de realismo, e aí jogamos qualquer oportunidade de lado. Mas assim que você quebra essa barreira, muita coisa legal passa a acontecer. Pelo menos foi assim comigo.

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Então, Berlim, tenho mais é que te agradecer por fazer valer enfrentar o desconhecido, por nos fazer tão felizes nesses nove meses que passamos juntos, por cada lugar que conheci, por cada pessoa com quem conversei. Essa fase foi incrível e com certeza vai me ajudar a enfrentar esse medinho que já está surgindo cada vez que penso em Barcelona e em tudo que temos pela frente. Obrigado, Berlim, por me ajudar a enfrentar meus medos. Nos vemos em breve.

Esse post foi minha despedida pessoal de Berlim. Para ver a despedida da Debbie, clique aqui.

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