Como é morar em Berlim?

Acho que nessa altura do campeonato é difícil não perceber o quanto ficamos apaixonados por Berlim, né?
Tantos posts sobre cultura, restaurantes, diferenças e coisas novas que aprendemos no tempo que vivemos aqui pela primeira vez já denuncia todo esse amor. E, agora que estamos na cidade pela segunda vez, ainda mais pessoas começaram a nos perguntar: afinal, como é morar em Berlim?

Foi daí que resolvemos criar essa série de posts! Para cada lugar que morarmos – ou já moramos –, vamos criar um post contando um pouquinho da nossa experiência e, pela nossa visão, como é morar ali. Gostam da ideia? :)
E como nenhum lugar é perfeito – ou totalmente horrível –, queremos sempre falar sobre cinco coisas boas e três ruins de cada lugar. Pra dar aquela balanceada, né?

Esse é mais um post da nossa série de artigos contando um pouquinho das coisas boas e ruins de morar nas cidades que já vivemos até hoje.
Se você quer saber como é morar em Barcelona, clique aqui.
Se você quer saber como é morar em Lisboa, clique aqui.
Se você quer saber como é morar em Budapeste, clique aqui.

[title subtitle=”5 coisas boas x 3 coisas ruins
sobre morar na capital alemã”]Como é morar em Berlim?[/title]

5 Coisas Boas sobre Morar em Berlim:

Você nunca vai ficar entediado
Como uma boa cidade grande que é Berlim, você nunca vai ficar sem nada para fazer. Berlim é uma das cidades com mais museus do mundo. Mais de 170 deles com exposições que vão agradar a todos os gostos. Isso além de peças, concertos, aulas gratuitas, eventos abertos, exposições, intervenções artísticas em locais abandonados e absolutamente qualquer atividade cultural que você esteja interessado.

Para a noite, sempre tem um (ou dez) bares novos nos arredores da sua casa, a vida noturna é uma das mais famosas do mundo, as baladas são super famosas por aqui e, não dá pra deixar de falar, você sempre tem um restaurante diferente para experimentar.

É claro, esses são alguns dos benefícios de se viver em uma cidade grande e muito multicultural. Se você quiser jantar em um polonês e ir para o samba depois, vai encontrar essas coisas em Berlim. E ainda pode fazer tudo isso de metrô, que fica aberto durante toda a madrugada nos finais de semana e dá acesso a cidade inteira.

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Segurança
Em nossos primeiros meses em Berlim, recém saídos de São Paulo, todos os dias ficávamos mais e mais surpresos em como Berlim é segura. Você anda de madrugada dentro de um parque escuro e tá tudo bem. Você pega o metrô todos os dias e muito provavelmente nunca terá problemas com ninguém lá dentro. Você anda na rua a qualquer hora com a roupa que quiser, e não tem medo (e aqui tem um post todo sobre isso). É um mundo novo que até hoje ainda ficamos surpresos.

É claro que existe gente louca, malandra ou mal intencionada em qualquer lugar – inclusive as que roubaram nossas bicicletas –, e nem por isso baixamos a nossa guarda paulistana que tem um radar 24h ligado nas nossas cabeças, mas o maior medo que você vai ter será dos pickpockets – que podem te furtar caso você não preste atenção nos seus pertences.

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Uma nova forma de viver
Eu já falei nesse post aqui sobre como Berlim mudou a minha visão sobre trabalho. E esse ponto positivo é bem focado nisso: em Berlim, as pessoas trabalham para viver. Não vivem para trabalhar. Você vê pessoas aproveitando o verão em parques, passeando com filhos pequenos e cachorros no meio da tarde, como eu também falei nesse post aqui sobre aproveitar o verão como um berlinense.

Em Berlim, tem muita gente que prefere ter uma jornada de trabalho mais curta para ter mais tempo para si, para a família, seus hobbies e para o que mais ela quiser. Não é bonito ser workaholic e ficar até tarde no escritório todos os dias – e isso é muito libertador.

Pessoas de todos os lugares do mundo
Berlim é a segunda cidade mais populosa de toda a Europa. E mais de 30% de toda essa população é formada por pessoas de outros países. Dos jovens que vem para cá em busca de um respiro artístico, passando pelos empreendedores, não esquecendo dos refugiados e chegando na maior comunidade de turcos fora da Turquia, todo mundo se mistura em Berlim.

E isso é incrível para fazer amigos de vários países, aprender uma língua nova, entender – e respeitar! – outras culturas, descobrir novos hábitos e, é lógico, comer maravilhosamente bem. Aqui você encontra restaurantes de todos os cantos do mundo e pode ter a sensação de mudar de país só ao entrar em um bairro.

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Qualidade de vida
Esse foi o principal motivo pelo qual nós decidimos fazer de Berlim o nosso QG. (Não tá sabendo de nada ainda? Vem cá ler o post!) Para qualquer lugar que você olhe, Berlim é cheia de natureza. Parques, rios, canais, gramados e árvores dentro e fora dos prédios residenciais… é uma sensação incrível estar, ao mesmo tempo, em uma cidade enorme, mas também em um lugar tão tranquilo, seguro e cheio de natureza logo na porta de casa. Pra melhorar, todos os parques, transportes públicos, restaurantes, bares e cafés aceitam cachorros (é claro que o fator dog friendly ajudou – e muito! – pra gente gostar tanto de Berlim, né?)

O metrô te leva para qualquer lugar da cidade. A cidade é plana e ótima para andar longas distâncias. Mesmo nos lugares que não tem ciclovia, os carros respeitam muito o ciclista. Você não precisa ter sequer um euro no bolso para aproveitar a cidade. Eles tem uma consciência enorme sobre sustentabilidade e é muito fácil – e incentivado! – reciclar garrafas, papéis, sacolas, móveis, roupas e tudo que você imaginar. Sobre qualidade de vida, Berlim tem uma lista infinita de prós.

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3 Coisas Ruins sobre Morar em Berlim:

Burocracia
Eu gosto de brincar que, muito provavelmente, a palavra “burocracia” deve ter surgido de algum termo alemão. Você acha que o Brasil tem processos inúteis, complexos e difíceis de entender? Espere até chegar na Alemanha! Para fazer qualquer coisa você precisa ligar para alguém, agendar um horário pra dizer oi, imprimir uma tonelada de papéis – internet nem pensar! – e ainda ter que resolver tudo em alemão.

Isso quando não são burocracias que pedem que você faça outras 5 burocracias antes dela, mas para fazer uma dessas 5 burocracias, você precisa ter a primeira burocracia que você queria fazer, feita. Entendeu? Nem eu. E é mais ou menos assim que a gente acaba resolvendo alguns problemas burocráticos por aqui: ficamos horas tentando entender PORQUE precisamos fazer aquilo para, no fim, desencanar e só fazer o que eles pedem, sem saber muito bem porque. Te garanto que é melhor do que discutir com um alemão te “explicando” 10x porque isso é assim porque precisa ser feito assim e pronto.

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O tempo é uma merda
Tá aí uma coisa que precisa ser dita sobre Berlim. O frio absurdo, a neve, a depressão que dá nos meses que o dia clareia às 8h e escurece às 16h, a garoa que fica caindo por dias sem parar, chuvas e ventos extremamente gelados… essas coisas. E sim, é ruim mesmo. Se você for uma pessoa que odeia frio, que precisa estar sempre com o cabelo impecável e que não aguenta ficar sem sol por alguns dias, Berlim não é o melhor lugar pra você.

A melhor época do ano para estar aqui é sempre entre Maio e até meio de Setembro, que a temperatura fica mais quentinha, os dias duram mais e é tudo muito mais divertido. Mas não é só assim que se vive em Berlim.

A falta de tecnologia
Pode até soar estranho eu ter falado que Berlim é cheia de empreendedores e, ao mesmo tempo, citar aqui a falta de tecnologia. E, acreditem, para nós também é bizarro.
Sabe seu cartão de crédito? Pode esquecer que ele existe. Praticamente nenhum lugar fora do centro turístico – e muitas vezes nem lá – aceita cartão de crédito. Seu VISA aqui só serve pra coçar a testa, já que em muitos dos caixas eletrônicos ele também não é aceito nem para saque. Ah, e seu cartão de débito também será negado na maioria dos lugares. O melhor mesmo, por aqui, é andar com dinheiro vivo.

Pausa para o exemplo: uma vez estávamos no MediaMarkt, uma loja de eletrônicos como a Fast Shop – que não aceita cartões (!!!), só débito em cartão alemão – e o homem na nossa frente pagou uma TV de 42 polegadas com dinheiro. Um bolo de dinheiro. E a moça do caixa não ficou nada surpresa. Só mais um dia em Berlim. É verdade que isso tem mudado um pouco, as redes mais famosas de supermercado começaram finalmente a aceitar cartão de crédito agora. Dá-lhe século XXI!

O limite de internet que você pode colocar no seu celular é super baixo, você não consegue resolver NADA pela internet, qualquer coisa com o governo precisa ser enviada por carta ou pessoalmente, os sites daqui parecem de 1990 (juro, é tenso), poucos lugares tem wi-fi e são poucas pessoas que usam a internet de forma tão ativa quanto nós, brasileiros. Em muitos aspectos, é como viver da forma que você vivia há 25 anos.

Uma coisa engraçada é que a cidade é dos poucos lugares do mundo que você ainda encontra lojas para alugar DVDs, porque o GEMA controla absolutamente tudo que você faz digitalmente e, caso faça download ou upload de algo ilegalmente, uma pequena multa de mais ou menos mil euros vai chegar na sua casa. E aí você pensa: ah, mas hoje quem precisa baixar? Assina o Netflix! Mas o Netflix só chegou aqui no fim de 2014 e cheio de restrições no catálogo.

 

E é isso! Essas são algumas das nossas impressões depois de morar por 9 meses em Berlim – e estar de volta agora! :D. Aqui, não falamos sobre ofertas de empregos, médicos, hospitais ou a obrigatoriedade do seguro de saúde, simplesmente porque trabalhamos pela internet para outros países e, por sorte, não precisamos chegar perto de nada ligado a saúde aqui na Alemanha até o momento. Então talvez outros expats tenham algo a acrescentar nesses aspectos. :)

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